Murdockast vê: Superman and the Mole Men (1951)

Hoje, iniciaremos uma nova série de postagens no Murdockast, na qual analisamos os principais filmes de super-herói desde o surgimento do "gênero", em ordem mais ou menos cronológica.


Apresentação da série

A premissa é simples: assistir ou rever um filme de super-herói, dos clássicos aos mais obscuros, fazer um review e atribuir uma nota.

Notas, no entanto, são bastante subjetivas: qual a diferença entre uma nota 6.5 e uma 7.0 ou, pior, entre uma nota 8.8 e uma 8.9? Pensando nisso, proponho um sistemo de avaliação à la Netflix:

  • ⭐ = Odiei
  • ⭐⭐ = Não gostei
  • ⭐⭐⭐ = Gostei
  • ⭐⭐⭐⭐ = Gostei muito
  • ⭐⭐⭐⭐⭐ = Adorei
Pelo menos, dessa forma, a subjetividade é bastante explícita.

Comecemos pelo princípio!

Mas a escolha do "princípio" é meio arbitrária: antes de Superman and the Mole Men, de 1951, o gênero de super-heróis se resumia a filmes do Zorro e cinesseriados.

Nesse primeiro momento, não pretendo rever os filmes mais antigos do Zorro, uma vez que, apesar de o personagem ter influenciado de maneira inestimável o gênero de super-heróis — não coincidentemente Thomas e Martha Wayne assistem-no em sua noite derradeira — , é mais tributário da tradição das revistas pulp do que dos quadrinhos propriamente ditos.

E o que eram esses tais de cinesseriados? Antes da popularização dos aparelhos televisores, as pessoas iam semanalmente ao cinema para não perderem um episódio de seus seriados favoritos. Cada episódio tinha cerca de 15 minutos, em média, sempre acabando com um gancho para o próximo episódio, e cada série tinha cerca de 15 episódios. Nós fizemos a conta para você: isso dá mais de três horas e meia de material bruto! Competiam pela atração do público heróis pulp, das grandes editoras de quadrinho da época (DC, Atlas/Marvel e Fawcett), bem como conceitos originais.

Sem mais delongas...

Superman and the Mole Men é um filme independente (produzido pela Lippert Pictures) de 1951. Como pode imaginar, o filme é todo em preto e branco. Sua duração é de pouco menos de uma hora, e foi filmado como uma espécie de piloto para o seriado Adventures of Superman, que durou seis temporadas, três delas já em cor!

Em português, o título é por vezes traduzido como "Superman e o Homem Toupeira" ou o bizarro "Superman e o Homem Verruga". Ambas são traduções infelizes: como o título em inglês deixa claro, o filme nunca faz entender que haja apenas um "homem-toupeira".

Chamar de homem-verruga já é bullying!

Sua premissa é muito mais ficção científica do que estamos acostumados para filmes do gênero, mesmo que estapafúrdia: um petrolífera local perfura o poço mais profundo do mundo, de 9.5 quilômetros (fact check: o número é menos absurdo do que parece). Do buraco, saem os homem-toupeiras: pequenos seres humanoides (interpretados por atores com nanismo) peludos, mas de cabeça careca, levemente radioativos.

Apesar de apresentar um herói unidimensional (tal como os quadrinhos da época), a obra foca em um público adulto e se leva a sério: há pouco espaço para o humor (mesmo em comparação às HQs) e a trama se arrisca a fazer comentário político.


No entanto, a direção é precária: não espere truques de câmera ou bons enquadramentos, e a principal cena de ação da película lembra crianças brincando de pega-pega (ou pique-pega, ou seja lá como chamam em sua região). As atuações de George Reeves (Clark Kent/Superman) e Phyllis Coates (Lois Lane), bem como do resto do elenco, são em média muito boas, mas podem causar estranheza a quem não está acostumado a produções da época.

Ainda por causa da direção e edição, o filme parece ter um andamento bastante lento, mesmo durando menos de uma hora, apesar de jamais soar contemplativo.

Tudo isso considerado, não posso dizer que perdi um hora de minha vida. Apesar de as cenas de ação não terem envelhecido tão bem, o filme certamente tem seu charme.

Veredito: ⭐⭐⭐ (Gostei)

Trivia

Os últimos dias de George Reeves foram retratados no longa Hollywoodland - Bastidores da Fama (2006), onde o personagem principal é interpretado — ironias da vida — por Ben Affleck.

Kent viu e Kent vê...

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